QUANDO A FLECHA VIRA ARCO
O fim do topetinho foi o primeiro sinal daquilo que os olhos não enxergam: o amadurecimento de Felipe. De flecha, o jogador virou arco, já sem a velocidade da juventude, mas com a visão inteligente de quem ocupa o seu lugar sem a vaidade do iniciante que quer resolver a parada na marra.
Conversamos longamente no início da tarde de segunda-feira, e, ao menos num ponto, o Felipe que abria sua casa para o MARCA BRASIL era o mesmo jogador do fim dos anos 90: a sinceridade, no limite de confundir-se com a rebeldia com causa, estava em cada uma de suas respostas na entrevista exclusiva a mim concedida.
O Felipe da foto que ilustra a coluna, tirada durante a passagem do time pelo México na vitoriosa campanha da Libertadores de 98, foi o que um dia detonou para mim o técnico Antônio Lopes, criticando-o principalmente pelas preleções monótonas. Levou uma chamada do ‘professor’ e, em vez de negar cada palavra escrita no jornal, confirmou toda a matéria, por mais constrangedora que fosse a situação.
O novo Felipe, agora menos risonho e longe de Ramon e Pedrinho, não tem medo de questionar o afastamento que lhe foi imposto no início do ano, quando o Vasco se arrastava entre a vergonha e a humilhação.
O tempo corrige agora a injustiça. Felipe estava em má forma física, e, enfim pronto, está deixando na cara do gol mesmo quem tem os mínimos requisitos para vestir a camisa do Vasco. Aos 33 anos, o menino descobriu que às vezes é mais importante ser arco do que flecha. O tempo levou seu topetinho, mas lhe trouxe sabedoria.
Texto publicado no Marca Brasil no dia 6 de abril de 2011
1 Comentários:
Belo texto, parabéns! :)
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